quinta-feira, 10 de novembro de 2011

diário a vulso

Se houvesse mais tempo nos dias, estaria mais satisfeita. Ficava mais tempo na cozinha, e tratava dos meus vasos de ervas aromáticas. Mas, no verão fiquei sem elas. E o meu manjericão morreu na semana passada. Ontem meti no forno duas maçãs reinetas. O pau de canela, o pacote e meio de açúcar e o Porto fizeram o resto. Tu gostaste muito. Hoje comprei mais maçãs, mas daquelas mais reles que vêm em sacos de quilo e meio. São mais baratas: é que hoje cometi duas extravagâncias, e agora tenho remorsos. Uma delas é um livro da Taschen sobre ilustração urbana, para a Zá; a outra não digo. Quando vires, logo saberás.
Irrita-me o trânsito demorado. Fico para morrer. Até choro de tantos nervos. Tu não compreendes, porque é raro passares por isso. Enquanto dormes, ando eu a gastar embraiagem na circular de Coimbra, num esforço para chegar a horas ao serviço.
Quando o dia acaba, ou seja, quando chego a casa, só quero ficar esticada na cama. O quarto desarrumado a meia luz, e eu ali a esquecer-me das horas. Os dias passam tão depressa; parece castigo. Parece que a vida quer chegar a um momento qualquer, que eu ainda não sei; ou então está testar-me para ver se consigo acompanhá-la. Eu acho que não. Pouca resistência, fraca rês. Ontem ela disse-me que tinha tudo para acreditar em mim, e que metesse a depressão num certo sítio: mas, como é que eu posso acreditar se os bolos não crescem?

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